Preconceito Sexual


O que é ?


   O preconceito é a verdade mais renegada da humanidade. As pessoas são preconceituosas mas não admitem. Social, racial ou sexual, o preconceito povoa o dia a dia de famílias e organizações. Ele invade a vaidade humana e a afasta do ser diferente. Ou seja, na teoria todo mundo aceita o “politicamente correto”, mas na prática não é bem assim: quem não se enquadra numa pretensa “normalidade” fatalmente será vítima do preconceito. 

   Manifestações explícitas de preconceito acontecem todo dia, em todos os lugares, sem que as pessoas se dêem conta. 

   Na última semana, a Rede TV foi palco de uma dessas manifestações. Tema do programa: “Um casal gay pode adotar uma criança e criá-la como filho?” Esse tema foi discutido exaustivamente nos EUA recentemente, quando uma das maiores entrevistadoras da TV americana, Rosie O’Donell, da Rede NBC, admitindo publicamente sua condição de lésbica, protestou contra declarações do presidente George W. Bush, que manifestara contra o direito de um casal gay adotar bebês e criá-los como filhos. O assunto foi debatido com a maior seriedade, envolvendo representantes dos diversos segmentos sociais.



   Mas na Rede TV, não. Com objetivo puramente sensacionalista, o programa Superpop, comandado pela “apresentadora” Luciana Gimenez, se transformou numa arena. Um casal de mulheres gays foi jogado aos leões, sem direito de defesa. Com a produção trabalhando para o circo pegar fogo e uma apresentadora e convidados despreparados e sem conhecimento do assunto, o programa virou uma baixaria só, com cenas de preconceito explícito.

   Sem dúvida, o preconceito faz parte da violência que se pratica todos os dias nas cidades brasileiras. Apesar da imagem liberal que tenta passar ao mundo, com muita alegria e mulheres fáceis, à disposição do turismo, o Brasil é conservador e não sabe lidar com temas sérios como a preferência de milhares de pessoas pelo homosexualismo.

   Conhecemos na própria imprensa brasileira muitos gays. Os chamados “enrustidos” tratam o assunto em tom pejorativo, talvez para mascarar sua preferência contida pelo mesmo sexo. 

   Mas o destino é irônico e nos prepara peças no momento certo. Exatamente quando a polêmica está no ar, um especialista em adolescentes de São Paulo, escritor e conferencista respeitado, enfim, acima de qualquer suspeita, é preso por abusar sexualmente de adolescentes. As imagens divulgadas chocaram a opinião pública. Em seu próprio consultório, depois de dopar os meninos, os submetiam a atos libidinosos. Até agora, o assunto tem sido tratado com o respeito que merece. Ao invés de ser ofendido, o médico é tratado como “doente”. Seu crime tem sido classificado como monstruoso. Apesar disso, profissionais especializados estão tratando o assunto em alto nível e o acusado está preso numa cela especial, pela sua formação superior.

   O que o Brasil precisa aprender é que qualquer diferença da chamada “normalidade” precisa ser discutida com isenção, respeito e dignidade. Ninguém tem o direito de julgar as pessoas em público, num programa de TV, sem dar-lhes a oportunidade de argumentar e mostrar seus direitos. Só assim, o cidadão brasileiro poderá ter respeitada sua privacidade e exercer sua opção de vida.


Vanderson Muniz, nº 34

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